Eu estava sentando paralisado; as palavras fluindo de John, as vezes junto com uma gagueira persistente, mas ainda assim com uma convicção e veracidade que achei difícil de ignorar, mesmo com meu ceticismo. Este homem acreditava piamente que tudo aquilo que me dissera era verdade. Dale, aparentemente, tinha ido o procurar, contra a vontade de todos os outros moradores. Ele tinha, a muito tempo atrás, perdido um filho e não queria que mais ninguém sucumbisse para a malevolência que aparentemente que vivia na encosta. O senhorio, sendo um velho amigo do fazendeiro, eventualmente concordou em os dois irem de carro até o pé da colina, esperando que John seguiria a luz dos faróis e conseguisse ser o primeiro a sair de lá vivo. Entretanto, não importava o quanto eles estavam dispostos a ajudar, nunca iriam se quer tocar no portão nem cruzar a limiar do morro. John tinha que o fazer sozinho, e ele o fez, quando o perseguidor estava quase o alcançando.
Me lembro de soltar um suspiro de alivio assim que ele terminou de contar sua história e tomou seu último gole de vinho de frente para a fogueira. Houve um momento de silêncio entre nós, e percebi que o bar inteiro estava banhando em reticências ansiosas. Uma que era quase palpável, como se os que estivessem lá quisessem falar, mas não tinham coragem para o fazer.
Finalmente falei, tentando soar o mais reconfortante o possível: "É uma história esplêndida, John, mas é apenas uma história. Tenho certeza que há uma explicação racional para tudo isso."
Ele abaixou a cabeça, olhando para o chão.
"Se é só uma história, então por que eu não posso ir embora?" ele disse, me olhando com uma expressão meio amedrontada e meio desesperada.
"O que você quer dizer por não poder ir embora?"
"Estou aqui faz três meses!" ele gritou, "As vezes eu desejo que Dale apenas tivesse me deixado por lá."
"John," Eu disse, me inclinando e pousando minha mão em seu ombro, " Você pode ir embora quando quiser".
Mas eu podia ver uma expressão de descrença em seu rosto. Ele tinha sido consumido por seja lá quais mitos e superstições que os moradores dali tinham enfiado-lhe goela baixo. Cheguei a conclusão que sua mente estava corrompida. Claro que eu sentia que o senhorio e os outros tinham apenas boas intenções, mas eu estava certo que uma explicação convencional poderia vir a curar sua mente aflita.
"Estou indo para Glasgow amanhã." Eu disse alegremente. "Porque não vem comigo? O ônibus estará aqui pela tarde e nós podemos viajar juntos. Mas... Claro, eu tinha esquecido, você está com seu carro. Por favor, não achei que eu estava pescando uma carona."
Ri, mas John só meu olhava tristemente, e então respondeu: " Meu carro é um caso perdido, destruído."
"Sério? Espero que não seja tão ruim assim... O que aconteceu?"
"Levei vários dias para me recuperar de minhas experiências na colina", disse arrasado, "mas quando melhorei, arrumei minhas malas, agradeci a Dale e ao senhorio e então dirigi para fora do vilarejo. Depois de alguns kilometros uma chuva forte começou a cair. A visibilidade estava terrível, mas eu queria ir embora logo. Perdi o controle do carro e bati em uma árvore. Sobrevivi, mas o carro está perdido."
"Bem, acidentes acontecem. Pelo menos você está bem. O que acha de outra bebida?" Disse, me levantando. John segurou meu braço com força.
"Não foi um acidente. Havia outra coisa na estrada. Eu o vi lá. Um homem... Eu acho. Pelo menos parecia com um homem. Eu virei o volante para desviar dele."
"Foi uma coisa boa. A última coisa que você gostaria era de matar acidentalmente um morador local" Minhas piadas mais uma vez não apaziguaram suas frustrações.
Eu me sentei de volta enquanto ele me contava sua situação. Depois do acidente com o carro, que foi rebocado de volta para a pousada por Dale, John tentou tudo que pode para sair dali. Toda vez que tentava usar o ônibus local, acontecia um problema. O veiculo quebrava ou talvez um deslizamento acontecia, bloqueando a entrada da vila - John até afirmou que era por isso que eu tivera de passar a noite na vila aquela noite, para pegar o ônibus no dia seguinte.
O homem era implacável. Por três meses que estivera como convidado no "O Lorde de Dungorth", e não importava o quanto tentasse, ele não conseguia atravessar os limites da vila. Várias vezes ele tentou ir andando até a cidade mais próxima, mas em cada ocasião era forçado a voltar por causa de uma tempestade perigosa e cruel que chegava sem aviso prévio. Ele tentara telefonar pedindo ajuda, mas seu celular nunca tinha sinal e enquanto usava o algum telefone local só ouvia estática. O mesmo acontecia se alguém tentava fazer uma ligação no nome dele.
Mesmo que eu não conseguisse explicar cada um daqueles acontecimentos, eu estava certo que uma série de eventos racionais e ocasionais poderiam ser responsáveis por cada um. Era loucura que alguém obviamente tão inteligente e articulado estivesse acreditando em tal insensatez. Eu, genuinamente, sentia simpatia por aquele homem.
"Você é vítima de uma profecia auto-realizada", eu disse, confiante.
"O que você quer dizer com isso?" John perguntou.
"Eu já trabalhei em muitas vilas como esta. Você vem para uma velha cidade do país com um terreno assombrado. É como se fosse outro mundo distinto da vida moderna de Londres. Então você é abastecido com paranoia. Um mito, em que os moradores acreditam em uma parte de terra amaldiçoada. Absorvendo tudo isso, você tem o azar de bater o carro em uma árvore e, antes que perceba, começa a acreditar na coisa toda. Talvez você tenha até imaginado a pessoa na estrada. Talvez até mesmo todo o conflito."
"E a colina?" perguntou, obviamente intrigado com qualquer possibilidade de fuga que pudesse ser eficaz.
"Provavelmente um efeito placebo de todas as histórias que você ouviu. Isso ou, quem sabe, talvez você tenha comido algo adulterado ou algum vírus que tenha feito você alucinar a coisa toda. Talvez até exista um doido morando na igreja."
Estava óbvio que ele não estava convencido, mas eu sentia que era meu dever levar aquela pobre alma para fora daquela vila, de volta para Glasgow, onde ele poderia dar um jeito de ir para casa. Eu já presenciara o estrago que crenças não fundamentadas podiam causar em pessoas e comunidades, e sempre fiquei intimidado por isso. Eu só queria ajudar.
"Amanhã nós pegaremos o ônibus juntos e te pagarei uma bebida em Glasgow."
Ele não replicou muito, só acenou com a cabeça em um relutante acordo.
Me lembro de soltar um suspiro de alivio assim que ele terminou de contar sua história e tomou seu último gole de vinho de frente para a fogueira. Houve um momento de silêncio entre nós, e percebi que o bar inteiro estava banhando em reticências ansiosas. Uma que era quase palpável, como se os que estivessem lá quisessem falar, mas não tinham coragem para o fazer.
Finalmente falei, tentando soar o mais reconfortante o possível: "É uma história esplêndida, John, mas é apenas uma história. Tenho certeza que há uma explicação racional para tudo isso."
Ele abaixou a cabeça, olhando para o chão.
"Se é só uma história, então por que eu não posso ir embora?" ele disse, me olhando com uma expressão meio amedrontada e meio desesperada.
"O que você quer dizer por não poder ir embora?"
"Estou aqui faz três meses!" ele gritou, "As vezes eu desejo que Dale apenas tivesse me deixado por lá."
"John," Eu disse, me inclinando e pousando minha mão em seu ombro, " Você pode ir embora quando quiser".
Mas eu podia ver uma expressão de descrença em seu rosto. Ele tinha sido consumido por seja lá quais mitos e superstições que os moradores dali tinham enfiado-lhe goela baixo. Cheguei a conclusão que sua mente estava corrompida. Claro que eu sentia que o senhorio e os outros tinham apenas boas intenções, mas eu estava certo que uma explicação convencional poderia vir a curar sua mente aflita.
"Estou indo para Glasgow amanhã." Eu disse alegremente. "Porque não vem comigo? O ônibus estará aqui pela tarde e nós podemos viajar juntos. Mas... Claro, eu tinha esquecido, você está com seu carro. Por favor, não achei que eu estava pescando uma carona."
Ri, mas John só meu olhava tristemente, e então respondeu: " Meu carro é um caso perdido, destruído."
"Sério? Espero que não seja tão ruim assim... O que aconteceu?"
"Levei vários dias para me recuperar de minhas experiências na colina", disse arrasado, "mas quando melhorei, arrumei minhas malas, agradeci a Dale e ao senhorio e então dirigi para fora do vilarejo. Depois de alguns kilometros uma chuva forte começou a cair. A visibilidade estava terrível, mas eu queria ir embora logo. Perdi o controle do carro e bati em uma árvore. Sobrevivi, mas o carro está perdido."
"Bem, acidentes acontecem. Pelo menos você está bem. O que acha de outra bebida?" Disse, me levantando. John segurou meu braço com força.
"Não foi um acidente. Havia outra coisa na estrada. Eu o vi lá. Um homem... Eu acho. Pelo menos parecia com um homem. Eu virei o volante para desviar dele."
"Foi uma coisa boa. A última coisa que você gostaria era de matar acidentalmente um morador local" Minhas piadas mais uma vez não apaziguaram suas frustrações.
Eu me sentei de volta enquanto ele me contava sua situação. Depois do acidente com o carro, que foi rebocado de volta para a pousada por Dale, John tentou tudo que pode para sair dali. Toda vez que tentava usar o ônibus local, acontecia um problema. O veiculo quebrava ou talvez um deslizamento acontecia, bloqueando a entrada da vila - John até afirmou que era por isso que eu tivera de passar a noite na vila aquela noite, para pegar o ônibus no dia seguinte.
O homem era implacável. Por três meses que estivera como convidado no "O Lorde de Dungorth", e não importava o quanto tentasse, ele não conseguia atravessar os limites da vila. Várias vezes ele tentou ir andando até a cidade mais próxima, mas em cada ocasião era forçado a voltar por causa de uma tempestade perigosa e cruel que chegava sem aviso prévio. Ele tentara telefonar pedindo ajuda, mas seu celular nunca tinha sinal e enquanto usava o algum telefone local só ouvia estática. O mesmo acontecia se alguém tentava fazer uma ligação no nome dele.
Mesmo que eu não conseguisse explicar cada um daqueles acontecimentos, eu estava certo que uma série de eventos racionais e ocasionais poderiam ser responsáveis por cada um. Era loucura que alguém obviamente tão inteligente e articulado estivesse acreditando em tal insensatez. Eu, genuinamente, sentia simpatia por aquele homem.
"Você é vítima de uma profecia auto-realizada", eu disse, confiante.
"O que você quer dizer com isso?" John perguntou.
"Eu já trabalhei em muitas vilas como esta. Você vem para uma velha cidade do país com um terreno assombrado. É como se fosse outro mundo distinto da vida moderna de Londres. Então você é abastecido com paranoia. Um mito, em que os moradores acreditam em uma parte de terra amaldiçoada. Absorvendo tudo isso, você tem o azar de bater o carro em uma árvore e, antes que perceba, começa a acreditar na coisa toda. Talvez você tenha até imaginado a pessoa na estrada. Talvez até mesmo todo o conflito."
"E a colina?" perguntou, obviamente intrigado com qualquer possibilidade de fuga que pudesse ser eficaz.
"Provavelmente um efeito placebo de todas as histórias que você ouviu. Isso ou, quem sabe, talvez você tenha comido algo adulterado ou algum vírus que tenha feito você alucinar a coisa toda. Talvez até exista um doido morando na igreja."
Estava óbvio que ele não estava convencido, mas eu sentia que era meu dever levar aquela pobre alma para fora daquela vila, de volta para Glasgow, onde ele poderia dar um jeito de ir para casa. Eu já presenciara o estrago que crenças não fundamentadas podiam causar em pessoas e comunidades, e sempre fiquei intimidado por isso. Eu só queria ajudar.
"Amanhã nós pegaremos o ônibus juntos e te pagarei uma bebida em Glasgow."
Ele não replicou muito, só acenou com a cabeça em um relutante acordo.
Continua na Parte 9...