Com apenas alguns deveres administrativos a serem cumpridos, John estava esperançoso que poderia concluir até o meio-dia e então fazer sua viagem de 7 ou 8 horas de volta à Londres, terminar alguns problemas inacabados antes de voltar para sua rotina habitual. Em uma mesa de seu apartamento estava uma garrafa de Uísque de malte de 30 anos, o qual ele iria tomar uma taça depois de concluir o importante negócio. Esta seria acompanhada por um ou dois cigarros - o único momento que realmente fumava, pois não confiava em si mesmo e não queria tornar isso um hábito - pediria algo pela tele-entrega e o outro dia seria folga do trabalho para fazer o que bem entendesse. Essas eram os momentos que ele mais gostava; a conclusão de um acordo e um descanso depois, e mais uma vez, ser enviado a um canto remoto das Ilhas Britânicas.
Sentado dentro do chalé do Fazendeiro Dale, John aproveitava o aconchego do lugar e suas decorações antiquadas que o lembravam da casa da avó quando criança. Muitas partes do revestimento eram originais e ele tinha certeza que a casa tinha passado por incontáveis gerações. Dale parecia estar com um humor mais agradável do que no dia anterior, fazendo ao seu convidado uma xícara de chá e um sanduíche enquanto John preparava o resto da papelada.
Enquanto o velho fazendeiro perambulava por lá com uma chaleira e um par de xícaras nas mãos, John olhou através da janela mais próxima, notando que a casa em si dava em direção à colina-sem-nome, a poucos quilômetros de distância. Sem pensar, mencionou casualmente que aqueles na pousada pareciam cautelosos a respeito disso também.
Depois de alcançar o chá a John, Dale sentou no lado oposto da mesa da cozinha, mexendo seu chá, pensativo. Houve silêncio, semelhando ao da noite anterior e apesar do ambiente acolhedor, mais uma vez John se sentiu desconfortável. Então, eventualmente aquele sentimento inquietante deu lugar à irritação. Por que simplesmente ele não podia perguntar por que as pessoas tinham tanto medo daquilo? Eram apenas superstições, e era loucura pensar que seres humanos na idade moderna ainda se abalavam tão facilmente com simples histórias.
Depois de brincar com a idéia de permanecer calado, John finalmente quebrou o silêncio: “Sr. Dale, não quero ser rude, mas desde que cheguei à vila, as pessoas parecem estar agindo de forma estranha sobre aquela colina como se eu tivesse cometido um crime apenas por mencioná-la.”
“Talvez você tenha,” respondeu ele. “Talvez você não devesse ter mesmo mencionado-a, meu filho”.
“Com todo o respeito, eu só queria saber quem era o dono, pois achei que poderia ser bom para a região, um desenvolvimento imobiliário emocionante”.
“Desenvolvimento imobiliário,” Dale zombou. “A única coisa que deveria ser feito com aquele solo é cobri-lo com sal”.
“É apenas uma colina”.
“Apenas uma colina...” O velho fazendeiro parou por um momento, olhando para fora da janela em direção ao motivo que gerava desconforto na conversa.
“Sr. Dale”, John disse, desta vez mais suavemente “Eu já estive em lugares de belas paisagens por todo Reino Unido. Sei que algumas regiões têm histórias, recebem nomes ruins, ou parecem um pouco assustadoras, mas em meus anos de experiência, nunca cruzei com nenhuma que não fosse apenas superstições. Vou até prová-lo”.
“Provar o quê, rapaz?” disse Sr. Dale de repente, apreensivo.
"Eu gostaria de uma passeio antes de voltar para Londres. Acho que vou dar uma olhada."
Levantando-se abruptamente, o fazendeiro agora parecia mais ansioso do que com raiva. Seu lábio superior tremia e parecia que o homem havia se escondido do mundo exterior em uma pilha destrutiva de nervos, apenas esperando o momento de explodir.
"Você não pode ir lá!" Gritou.
"Por favor, Sr. Dale. Não tive a intenção de ofendê-lo." Os pensamentos de John agora voltaram-se para os terrenos que tinha em mãos, e sem nada assinado ainda, não queira arriscar-se com sua curiosidade. Como explicaria isso para seu cliente?
O senhor desabou de volta em sua cadeira com os olhos nublados, como se estivesse lutando em uma batalha já perdida contra terríveis memórias.
"Eu perdi meu filho para aquele lugar..." ele disse, arrastadamente.
"Ah, meu Deus, eu sinto muito, Sr. Dale. Por favor, aceite minhas desculpas, vamos esquecer tudo isso."
"Não, não é sua culpa." Do outro lado da mesa, o velho fazendeiro sorriu mesmo com um semblante triste. "Ninguém fala do meu garoto. Não sou autorizado também. Os moradores locais acham que apenas em falar dele ou dos outros, trará mais miséria para a vila.
Após uma vaga pausa, ele quebrou o silêncio dizendo "Ele era um bom rapaz. Nós não somos feitos pra enterrar os próprios filho, ah Deus..."
Enterrando seu rosto nas mãos, ele começou a soluçar incontrolavelmente. John não sabia o que dizer nem fazer. A única coisa que podia oferecer era um "Eu sinto muito. Tem... tem algo que eu possa fazer?"
Limpando as lágrimas, Dale recostou-se na cadeira, melancolicamente. Depois de alguns suspiros, se recompôs e, com a voz tremida de emoção, falou "Ninguém sabe quando começou, ninguém sabe o porquê."
"Começou o que?" John perguntou, sua compaixão agora dominado pela curiosidade.
"Eu Cresci nessa vila e mesmo quando era um menino as pessoas não faziam ideia. Claro, eles contavam velhas histórias sobre uma disputa que durou centenas de anos entre duas famílias poderosas." Dale se inclinou pra frente coçando sua barba grisalha antes de continuar. " Mas ninguém sabia seus nomes, pelo menos não estavam disposto a falar sobre a colina. As escrituras sobre aquela terra provavelmente estão em um cofre seguro, com o dono vivendo uma vida de alto padrão, desconhecendo o preço que todos nós estamos pagando."
"Certamente deve haver registro das propriedades?"
"Tenho certeza que há, rapaz, mas você não vai encontrar ninguém que queira saber disso aqui. Ao longo dos anos, forasteiros ignoravam os avisos dos locais e iam se aventurar por lá. Normalmente algumas crianças desafiando umas ao outras a ir. Mas eles nunca voltam." Dale se remexeu inconfortavelmente em sua cadeira enquanto as lagrimas voltavam a encher seus olhos. "Meu garoto... Ele não me ouviu. E assim como os outros, ele foi e nunca mais voltou."
"Certamente você foi atrás dele?" John perguntou em descrença.
"Sim, eu fui. Tentei ir até o topo, mas com o coração partido pelo sofrimento que minha mulher e meus outros filhos estavam, eles me obrigaram a voltar para o pé da colina. Eles sabiam que me levaria também."
"Então, seu filho poderia estar lá em cima, machucado, morrendo, e vocês não foram atrás dele por causa de uma superstição idiota?" A ideia de que mitos e mentiras poderia tem resultado na morte de um menino enraiveceu John, mesmo que tenha se envergonhado assim que suas palavras saíram de sua boca.
De repente, Dale voou sobre a mesa e agarrou o convidado indesejado pelo colarinho, empurrando-o sobre um fogão velho. "Com quem você pensa que está falando?!" Dale gritou do fundo do âmago, com a voz tremendo. Para um senhor, ele ainda estava forte feito um touro.
Por um breve momento ele achou que o fazendeiro iria o espancar, mas então, tão rápido quanto antes, Dale o soltou e o deu as costas. "Quando você tem outras três crianças para alimentar, e uma esposa que ficaria de coração partido, você pensa em subir ao topo duas vezes. Além disso, alguns garotos da vila ajudaram a minha esposa a me segurar. Não porque se preocupavam comigo - bem, talvez, alguns sim - mas principalmente porque eles vivem em constante medo daquele lugar, do que tem lá em cima. De que talvez desça e venha nos fazer uma 'visita'."
Se endireitando na cadeira, o velho fazendeiro rabiscou sua assinatura nos papeis restantes e, em seguida, pediu a John para ir embora, o que ele fez depois de se desculpar mais algumas vezes. Na porta, os dois homens se despediriam educadamente, e como um simples acréscimo Dale falou "Há um velho ditado por aqui: 'Melhor deixar pra lá'. Você seria sábio se o seguisse."
Sentado dentro do chalé do Fazendeiro Dale, John aproveitava o aconchego do lugar e suas decorações antiquadas que o lembravam da casa da avó quando criança. Muitas partes do revestimento eram originais e ele tinha certeza que a casa tinha passado por incontáveis gerações. Dale parecia estar com um humor mais agradável do que no dia anterior, fazendo ao seu convidado uma xícara de chá e um sanduíche enquanto John preparava o resto da papelada.
Enquanto o velho fazendeiro perambulava por lá com uma chaleira e um par de xícaras nas mãos, John olhou através da janela mais próxima, notando que a casa em si dava em direção à colina-sem-nome, a poucos quilômetros de distância. Sem pensar, mencionou casualmente que aqueles na pousada pareciam cautelosos a respeito disso também.
Depois de alcançar o chá a John, Dale sentou no lado oposto da mesa da cozinha, mexendo seu chá, pensativo. Houve silêncio, semelhando ao da noite anterior e apesar do ambiente acolhedor, mais uma vez John se sentiu desconfortável. Então, eventualmente aquele sentimento inquietante deu lugar à irritação. Por que simplesmente ele não podia perguntar por que as pessoas tinham tanto medo daquilo? Eram apenas superstições, e era loucura pensar que seres humanos na idade moderna ainda se abalavam tão facilmente com simples histórias.
Depois de brincar com a idéia de permanecer calado, John finalmente quebrou o silêncio: “Sr. Dale, não quero ser rude, mas desde que cheguei à vila, as pessoas parecem estar agindo de forma estranha sobre aquela colina como se eu tivesse cometido um crime apenas por mencioná-la.”
“Talvez você tenha,” respondeu ele. “Talvez você não devesse ter mesmo mencionado-a, meu filho”.
“Com todo o respeito, eu só queria saber quem era o dono, pois achei que poderia ser bom para a região, um desenvolvimento imobiliário emocionante”.
“Desenvolvimento imobiliário,” Dale zombou. “A única coisa que deveria ser feito com aquele solo é cobri-lo com sal”.
“É apenas uma colina”.
“Apenas uma colina...” O velho fazendeiro parou por um momento, olhando para fora da janela em direção ao motivo que gerava desconforto na conversa.
“Sr. Dale”, John disse, desta vez mais suavemente “Eu já estive em lugares de belas paisagens por todo Reino Unido. Sei que algumas regiões têm histórias, recebem nomes ruins, ou parecem um pouco assustadoras, mas em meus anos de experiência, nunca cruzei com nenhuma que não fosse apenas superstições. Vou até prová-lo”.
“Provar o quê, rapaz?” disse Sr. Dale de repente, apreensivo.
"Eu gostaria de uma passeio antes de voltar para Londres. Acho que vou dar uma olhada."
Levantando-se abruptamente, o fazendeiro agora parecia mais ansioso do que com raiva. Seu lábio superior tremia e parecia que o homem havia se escondido do mundo exterior em uma pilha destrutiva de nervos, apenas esperando o momento de explodir.
"Você não pode ir lá!" Gritou.
"Por favor, Sr. Dale. Não tive a intenção de ofendê-lo." Os pensamentos de John agora voltaram-se para os terrenos que tinha em mãos, e sem nada assinado ainda, não queira arriscar-se com sua curiosidade. Como explicaria isso para seu cliente?
O senhor desabou de volta em sua cadeira com os olhos nublados, como se estivesse lutando em uma batalha já perdida contra terríveis memórias.
"Eu perdi meu filho para aquele lugar..." ele disse, arrastadamente.
"Ah, meu Deus, eu sinto muito, Sr. Dale. Por favor, aceite minhas desculpas, vamos esquecer tudo isso."
"Não, não é sua culpa." Do outro lado da mesa, o velho fazendeiro sorriu mesmo com um semblante triste. "Ninguém fala do meu garoto. Não sou autorizado também. Os moradores locais acham que apenas em falar dele ou dos outros, trará mais miséria para a vila.
Após uma vaga pausa, ele quebrou o silêncio dizendo "Ele era um bom rapaz. Nós não somos feitos pra enterrar os próprios filho, ah Deus..."
Enterrando seu rosto nas mãos, ele começou a soluçar incontrolavelmente. John não sabia o que dizer nem fazer. A única coisa que podia oferecer era um "Eu sinto muito. Tem... tem algo que eu possa fazer?"
Limpando as lágrimas, Dale recostou-se na cadeira, melancolicamente. Depois de alguns suspiros, se recompôs e, com a voz tremida de emoção, falou "Ninguém sabe quando começou, ninguém sabe o porquê."
"Começou o que?" John perguntou, sua compaixão agora dominado pela curiosidade.
"Eu Cresci nessa vila e mesmo quando era um menino as pessoas não faziam ideia. Claro, eles contavam velhas histórias sobre uma disputa que durou centenas de anos entre duas famílias poderosas." Dale se inclinou pra frente coçando sua barba grisalha antes de continuar. " Mas ninguém sabia seus nomes, pelo menos não estavam disposto a falar sobre a colina. As escrituras sobre aquela terra provavelmente estão em um cofre seguro, com o dono vivendo uma vida de alto padrão, desconhecendo o preço que todos nós estamos pagando."
"Certamente deve haver registro das propriedades?"
"Tenho certeza que há, rapaz, mas você não vai encontrar ninguém que queira saber disso aqui. Ao longo dos anos, forasteiros ignoravam os avisos dos locais e iam se aventurar por lá. Normalmente algumas crianças desafiando umas ao outras a ir. Mas eles nunca voltam." Dale se remexeu inconfortavelmente em sua cadeira enquanto as lagrimas voltavam a encher seus olhos. "Meu garoto... Ele não me ouviu. E assim como os outros, ele foi e nunca mais voltou."
"Certamente você foi atrás dele?" John perguntou em descrença.
"Sim, eu fui. Tentei ir até o topo, mas com o coração partido pelo sofrimento que minha mulher e meus outros filhos estavam, eles me obrigaram a voltar para o pé da colina. Eles sabiam que me levaria também."
"Então, seu filho poderia estar lá em cima, machucado, morrendo, e vocês não foram atrás dele por causa de uma superstição idiota?" A ideia de que mitos e mentiras poderia tem resultado na morte de um menino enraiveceu John, mesmo que tenha se envergonhado assim que suas palavras saíram de sua boca.
De repente, Dale voou sobre a mesa e agarrou o convidado indesejado pelo colarinho, empurrando-o sobre um fogão velho. "Com quem você pensa que está falando?!" Dale gritou do fundo do âmago, com a voz tremendo. Para um senhor, ele ainda estava forte feito um touro.
Por um breve momento ele achou que o fazendeiro iria o espancar, mas então, tão rápido quanto antes, Dale o soltou e o deu as costas. "Quando você tem outras três crianças para alimentar, e uma esposa que ficaria de coração partido, você pensa em subir ao topo duas vezes. Além disso, alguns garotos da vila ajudaram a minha esposa a me segurar. Não porque se preocupavam comigo - bem, talvez, alguns sim - mas principalmente porque eles vivem em constante medo daquele lugar, do que tem lá em cima. De que talvez desça e venha nos fazer uma 'visita'."
Se endireitando na cadeira, o velho fazendeiro rabiscou sua assinatura nos papeis restantes e, em seguida, pediu a John para ir embora, o que ele fez depois de se desculpar mais algumas vezes. Na porta, os dois homens se despediriam educadamente, e como um simples acréscimo Dale falou "Há um velho ditado por aqui: 'Melhor deixar pra lá'. Você seria sábio se o seguisse."
Continua na Parte 4...
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